Os projetos paranaenses para o Euro Kursaal e a internacionalização da arquitetura brasileira na década de 1970
DOI:
https://doi.org/10.37916/arq.urb.vi34.581Palavras-chave:
Curitiba, Arquitetura moderna, Difusão da arquiteturaResumo
A recepção e apropriação de ideias internacionais por parte dos arquitetos brasileiros a partir de 1960 têm sido pouco analisadas, diferentemente da produção nacional na primeira metade do século XX. A participação dos arquitetos atuantes em Curitiba — Lubomir Ficinski, Roberto Gandolfi, Luiz Forte Netto, José Maria Gandolfi e Jaime Lerner — no concurso de 1965 para o Complexo Turístico Euro Kursaal em San Sebastián, Espanha, é um caso exemplar e merece reflexão por sua relevância e originalidade. Conquistando o segundo lugar, a premiação resultou em um convite para viajar à Espanha em 1972 e preparar uma nova proposta, quando então houve o desmembramento da equipe inicial e a consequente apresentação de dois projetos. As duas propostas finais acabaram bastante distintas da primeira. Considerando a mudança verificada na estratégia projetual das propostas apresentadas e apoiado no método histórico-interpretativo, este trabalho investiga a resposta prática dos arquitetos paranaenses às proposições teóricas arquitetônicas internacionais em circulação. A partir do conceito de ‘zonas de contato arquitetônicas’, o artigo sugere que os episódios vivenciados por estes arquitetos contribuíram para as soluções projetuais híbridas que levaram a alternativas ao ideário modernista, rumando para uma limiaridade com relação ao pensamento pós-modernista.
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