Dora, uma arquitetura para sonhar.
Palavras-chave:
Arquitetura, psicanálise, subjetividadeResumo
O sonho de Dora (Freud,1905), inteiramente atravessado por espaços e elementos próprios da arquitetura — ruas, praças, casa, quarto, estação, portaria, apartamento, porta —, é o ponto de parti-
da para as questões eminentemente especulativas que estas notas trazem à tona. A partir dessa fala, ancorada na teoria da arquitetura e na psicanálise, trabalho com a hipótese de que o fazer arquitetônico, muito mais do que a produção física da “cena onde decorre a nossa vida”, como queria Zevi, é também, e talvez principalmente, uma demanda psíquica de natureza inconsciente. Assim, à semelhança da polissemia da palavra em consequência do sujeito que fala, como ensinou Freud, ou da polifonia dessa fala, como bem compreendeu Lacan, o espaço da arquitetura manifesta também uma
“poliestesia”, isto é, um sentido único, subjetivo, (in) compartilhável para cada sujeito em sua experiência de existir. Concluo argumentando que, para além de um conjunto de larguras, comprimentos e alturas a arquitetura é, ela própria e em si mesma, uma articulação simbólica e, como tal, uma mani- festação particular do inconsciente. Um ponto, aliás, muito bem intuído por Ruskin, quando adverte sobre a essencialidade da arquitetura para além da sua materialidade. Sem a arquitetura, diz ele, não podemos recordar. Podemos sonhar?
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