Lar, doce lar?

Subutilização do patrimônio arquitetônico no ensino de arquitetura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.37916/arq.urb.vi37.578

Palavras-chave:

Patrimônio cultural residencial, Teoria feminista da arquitetura, Decolonialidade

Resumo

Este artigo pretende discutir o conceito de patrimônio como um elemento que reproduz os valores dominantes de uma sociedade patriarcal e classista. Ao adotar uma abordagem crítica do patrimônio cultural nacional, que rompa com a hegemonia tradicional nessa área, reconhecemos a decolonialidade e a perspectiva feminista como abordagens teóricas intrinsecamente ligadas. Utilizamos um exemplo de uma residência do século XIX para demonstrar que existem diagramas espaciais que podem complementar a documentação oficial dos bens protegidos. Reconhecemos que, por meio do patrimônio construído, é possível relatar perspectivas que foram ignoradas pelos responsáveis pela documentação histórica, e questionar e/ou reafirmar identidades já consolidadas, muitas vezes baseadas em mitos construídos com interesses específicos. Concluímos que, com os devidos instrumentos analíticos, o patrimônio cultural pode auxiliar na compreensão da dimensão espacial como uma construção social, abrindo caminho para uma estratégia didática em busca de um novo modelo arquitetônico.

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Biografia do Autor

Silvia Scoralich de Carvalho, Universidade Estácio de Sá

Arquiteta e Urbanista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com Mestrado em Projeto e Patrimônio no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PROARQ/UFRJ). No momento é Doutoranda bolsista Capes do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (PPGAU-UFF).

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Publicado

2023-08-11

Como Citar

Carvalho, S. S. de. (2023). Lar, doce lar? : Subutilização do patrimônio arquitetônico no ensino de arquitetura. arq.Urb, (37), 4–15. https://doi.org/10.37916/arq.urb.vi37.578

Edição

Seção

Artigos